Friday, 12 November 2010

"CLARICE LISPECTOR"

Bico de pena e grafite sobre papel

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  1. Clarice Lispector”

    Dezembro. 1920. Ucrânia: nasce Haia.
    1922. Brasil: renasce Clarice.
    Lispector. Lis no peito. Flor de Lis: Clarice Lispector. Ucrano-brasilica.
    Judia. Judiada...
    Verdadeira. Se deixava ser...
    Maternal.
    Instigante.
    Tímida.
    Ousada.
    Foi Teresa Quadros. Helen Palmer.Ghost-writen de Ilka Soares.
    Nada de meios termos.
    Os olhos eslavos,oblíquos, guardiões de seu templo enigmático e misterioso.Secreto.
    O alimento, a palavra,sempre a palavra, seu domínio sobre o mundo!A felicidade clandestina!
    Uma ‘sentidora’. Uma escritora.Jornalista.Ela mesma uma clareciana.
    No confessionário de si mesma nada revela.Misteriosa.
    A ilusória passividade no olhar.
    Guerreira travando batalha contra si mesma. Regurgita emoções contraditórias. Conflitos domésticos e interiores.O mundo caótico dentro si é cercado por uma incomensurável melancolia e angustia, mas ela é profundamente humana.As lágrimas suspensas em enigmático brilho mostram fragmentos daquilo que lhe vai por dentro: miséria existencial.
    E como se tivesse de atalaia para se proteger do bote da dor.
    E magicamente, do aparente chão árido de si mesma, brotam flores em forma de poemas , de romances,de notícias de jornal.Prêmios!
    Na calada da noite, ao dormir com o ’companheiro’ aceso sente-se incendiar.O fogo a marcou.Cicatrizes na alma, na pele.Mais tristeza e solidão.
    Sem palavras para novas vertigens e delírios sente se morrer. Perto do coração selvagem...Quer reflorestar o deserto de si mesma, mas está com as mãos vazias de sementes!
    Dezembro. 1977. Um mal maior a consome.
    Natural e sobrenatural dizia que entende-la não era uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca.
    De repente, ouve um sino tocar incessantemente. Dobram por ela. Chegou a hora da estrela...

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